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sábado, 30 de agosto de 2008

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Tradutores de sinais

A gente começa com o trabalho coordenado pela Sabine. O idioma principal deles é a língua brasileira de sinais. Essa peculiaridade, segundo especialistas, precisa ser levada em conta na hora de colocar alunos que ouvem e que não ouvem, na mesma sala.
Joyce teve meningite aos dois anos. O diagnóstico tardio deixou a menina surda.
“Aquilo ali foi um choque. A primeira coisa que eu me preocupei foi como a minha filha vai viver num mundo assim? Estudar? A primeira coisa que me passou pela cabeça foi como que ela vai estudar?”, diz Joyce.
Do nome, ou do apelido, ou do sobrenome... Na sexta série, Joyce entende a matéria graças a uma tradutora de libras.
“Tudo o que a professora fala em sala de aula, toda explicação das disciplinas, todos os comandos, tudo a gente interpreta, pra língua de sinais”, diz Mirian Caxilé, tradutora e intérprete de libras.
Há três anos, uma escola particular de Cotia, na Grande São Paulo, inclui surdos em salas de alunos que ouvem.
“Essa inclusão, a gente entende como uma inclusão assistida, porque ele não é só depositado dentro desse espaço. Primeiro, que a gente parte da perspectiva que um aluno surdo sozinho não pode ser incluído. Ele precisa ter um par pra trocas e pra se sentir acolhido também”, diz Débora Caetano Kober, coordenadora pedagógica.
A surdez não é um obstáculo para se comunicar com os amigos.
“O contato que a gente tem é através da escrita quando eles não sabem línguas de sinais, daí eles querem fazer curso, olham na agenda que tem alguns sinais, querem livros, querem entrar em contato com a nossa língua”, diz Robert Sanches, 13 anos.
“Eu acho legal, porque quando eles saírem do colégio, eles não vão só ter um grupo de surdos, eles vão conviver com várias pessoas e mais pessoas ouvintes, então é bom esse convívio com os ouvintes e surdos juntos”, diz Ivy Meireles, 13 anos.
“Eu estou adorando participar dessa inclusão com os alunos ouvintes. Muito legal está sendo essa troca”, diz Joyce Augusto, 12 anos.
Para chegar onde estão os estudantes com deficiência auditiva passaram por uma escola especial. Sabine está traduzindo pra gente uma aula da Escola para Crianças Surdas, que funciona há 31 anos em Cotia.
A instituição atende gratuitamente mais de oitenta alunos, que ficam aqui até a quarta série.
“Aprendi muito matemática, geografia, um monte de coisa”, diz Bruce Soriano, 11 anos.
A língua brasileira de sinais é ensinada desde o primeiro momento - seja qual for a idade do aluno.
“Ela é fundamental, o nosso ponto de partida, mas a língua portuguesa também está solta por aí, é na televisão, é no jornal, é no outdoor, quando ele vai ao supermercado com a mãe, tudo tem, tem suporte letrado, então a gente não pode perder de vista isso”, diz Débora Caetano Kober, coordenadora pedagógica.
Leonardo é o contador de histórias do dia.
“Eles ouvem a história em língua de sinais, eles vão tendo contato com o texto em português, vão fazendo as relações e vão aprendendo o português como segunda língua”, diz Amarilis Ferreira, professora.
Walker estimula os mais novos na brinquedoteca da escola. Surdo, ele só aprendeu a libras com nove anos, quando chegou aqui.
“A minha mão parecia que era dura, eu não conseguia me comunicar, aí eu chorava, sofri porque nos outros lugares, nas outras escolas, era muito ruim, muito ruim. Porque eu estudava junto com os ouvintes, incluído, todo mundo falando e eu não entendia nada”, diz Walker de Souza Silva, 18 anos.
Na escola para surdos, ele foi preparado para a inclusão. E formulou um sonho: estudar pedagogia.
“Eu não quero que haja um prejuízo nessa educação, eu quero estimular, ajudar nessa luta, desenvolver, eu quero lutar, trabalhar junto, pra ajudar a construir um caminho para esses surdos”, diz Walker.

2 comentários:

Unknown disse...

Que bom ter um espaço como esse para registros importantes na área da surdez.
Parabéns pela iniciativa!
Ab,
Mirian Caxilé

Unknown disse...

Que bom termos um espaço como esse que trata de assuntos referentes a área da surdez.
Parabéns Débora!
Mirian Caxilé