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sábado, 11 de julho de 2009

III BilingLatAm - 2009

A EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS
E A TECNOLOGIA DA IMAGEM
O uso do termo "tecnologia nos leva muitas vezes a pensar em computadores e equipamentos altamente sofisticados e inovadores. No entanto, a discussão que propomos envolve a aplicação de tecnologias já presentes em nossa sociedade há algum tempo, mas talvez ainda timidamente explorada e que, pouco a pouco notamos o significativo aumento na produção e oferta: os vídeos em libras.
Considerando a perspectiva bilíngue adotada, que concebe a Língua de Sinais como primeira língua e a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita como a segunda, a imagem do vídeo é uma possibilidade singular de permanência do texto em Libras para a prática educacional bilíngue com surdos.Para que os surdos realizem leituras significativas em segunda língua, é necessário que isso ocorra primeiramente em sua língua natural. É pela língua e na língua que damos sentido ao que somos e ao que nos acontece (LARROSA, 2002), como bem escreveu o poeta Fernando Pessoa e cantou Caetano Veloso. Para isso, além do desenvolvimento da linguagem e aquisição da língua natural, é necessário que sejam oferecidos também, "encontros" com textos em língua de sinais.
Crianças ouvintes têm a possibilidade de encontros e reencontros com textos estáveis, por meio de diversos suportes, como por exemplo. quando assistem inúmeras vezes a um vídeo de histórias infantis ou apenas na escuta de histórias, e que num dado momento, chegam a antecipar trechos desses textos. Certamente, a cada reencontro, o texto ganha novo sentido para essa criança, o que lhe permite não somente compreender a história, mas também, perceber sua própria língua e apropriar-se de novos elementos da língua e de modelos discursivos diversos.
Partindo da abordagem de que é na língua e pela língua que damos sentido ao que somos e vivemos, os reiterados encontros com textos estáveis em libras possibilitam ao surdo, de mesma forma que para o ouvinte, antecipar trechos do texto e apropriar-se de novos modelos discursivos e sem dúvida alguma, promover reflexões sobre a própria língua, desenvolvendo suas habilidades metalinguísticas.
Os textos de libras em vídeo vêm possibilitando que alunos surdos se apropriem de regularidades da língua de sinais e posteriormente compare às regularidades da língua portuguesa em modalidade escrita.
O livro digital em libras "Guilherme Augusto Araújo Fernandes", publicado pela Editora Brinque-Book, é um exemplo disso. Realizamos diversas exposições do livro digital em libras para jovens e adultos surdos com escolarização tardia, matriculados no 3º e 4º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública, com idade entre 16 e 35 anos.
A "leitura" do livro digital, inicialmente demosntrou a necessidade que os alunos tinham de "copiar" os textos em libras, se apropriar enquanto "assistiam" ao livro. Após diversas exposições, muitas delas solicitadas pelos próprios alunos, eles passaram a reconhecer e discutir sobre algumas regularidades da língua, como as "rimas" em lingua de sinais (crianças ouvintes desenvolvem a habilidade de reconhecer e produzir rimas e aliterações mesmo sem a orientação formal de sua consciência fonológica da língua portuguesa) traduzidas do original em língua portuguesa.

(trabalho apresentado por Débora Caetano Kober - III BilingLatAm 2009)

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